Mais um passo importante para o resgate da história do Centenário do Avaí foi dado na manhã desta sexta-feira (23), no bairro Campeche, no Sul da Ilha, com a recuperação das traves do antigo Estádio Adolfo Konder, palco de grandes conquistas azurras. O material passará por recuperação e integrará o acervo do Centenário, que será comemorado em 1º de setembro de 2023.
O estádio Adolfo Konder deixou de existir em 1983, quando o Avaí mudou-se para o complexo da Ressacada, inaugurado em 15 de novembro daquele ano. As duas traves, que estavam entre arbustos em um campo da comunidade, foram resgatadas para recuperação e posteriormente farão parte do acervo do Centenário do Leão da Ilha.
A iniciativa de recuperação destes equipamentos foi do professor e conselheiro Narbal Silva. Em conversa com nativos do Campeche, identificou a localização e a importância para o acervo do Avaí. O presidente Battistotti incentivou a iniciativa, tão logo foi informado pelo presidente do Conselho Deliberativo e historiador Spyros Apóstolo Diamantaras. O gerente administrativo Luciano Correa foi encarregado da logística de recuperação.
O professor Narbal Silva acompanhou os trabalhos e não escondeu a emoção desta iniciativa. “É uma história de várias gerações. Quando eu ouvi que essas traves estavam aqui, passei horas contemplando. Como conselheiro, levei a ideia adiante e feliz por ter concretizado. A origem do Avaí está aqui, o alçapão da Bocaiúva. Nada mais justo do que essas traves voltarem para o clube”, disse.
Segundo Narbal, o valor é muito alto para o acervo do Avaí. “Essas traves mostram de onde viemos, onde estamos e para onde podemos ir. Fico emocionado, pois lembro quando meu pai me levava aos jogos do Avaí no Adolfo Konder. Lembro da primeira conquista que eu vi, em 1973, com a vitória sobre o Juventus. O Balduino marcando um gol de cabeça. O Rogério Ávila deu assistência como se fosse com a mão”.
O conselheiro ainda lembra de todas as gerações de pessoas e torcedores que passaram por estes momentos. “Quantas alegrias e emoções a gente sentiu ao longo do tempo, da história. Um pedaço que é nosso, que não estava conosco, mas que a comunidade do Campeche, muito gentilmente guardou para nós. E agora vai para um lugar especial e continuar inspirando gerações”, concluiu.
O arquiteto do clube, Maurício Korbes, disse que ainda será estudado o melhor aproveitamento do acervo quando estiver totalmente recuperado. O estudo passará também pelo planejamento e criação da arquiteta do Avaí, Danelise Silva. “A gente tem algumas ideias. Uma delas é a criação de um portal, resgatarmos um campo de futebol na rua que separa o Estádio do CFA, hoje revitalizada. Naquele espaço, um novo ‘campo’ a história dos 100 anos do Avaí, tornando aquela uma passagem temática”.
A comunidade do Campeche, das equipes da região que hoje estavam com as traves, o antigo campo do Pingo de Ouro FC e o Movido a Àlcool FC, estiveram presentes na remoção. Todos com o sentimento de que participavam de um movimento histórico para a comunidade. O nativo Edinho Cunha, 70 anos, um dos mais entusiasmados, contou detalhes de como as traves chegaram na região.
“Eu pulava o Adolfo Konder para vender carambola. O campo do Avaí para mim faz parte da minha história. Temos que preservar as raízes. Essas traves chegaram aqui depois que o Adolfo Konder deixou de existir. Trazidas por gente que tinha uma estofaria no estádio, arrumava as chuteiras do Avaí. E aqui chegando, foram instaladas no campo da comunidade, do Pingo de Ouro. Fizemos muitos gols nelas. Este é um momento importante para todos nós”, disse Edinho.
O trabalho de resgate das duas traves só foi concluído depois que profissional especializado chegou ao local para remover uma pequena colmeia de uma delas, uma vez que as abelhas dificultaram os trabalhos. Logo após a remoção, as traves foram colocadas em um caminhão e encaminhadas para a recuperação numa empresa em Biguaçu.